STF autorizou monitoramento de WhatsApp e redes sociais? Eis a questão!
Boato ‘importado’ afirma que redes sociais e aplicativos de mensagens entraram em acordo com governos para monitorar toda e qualquer comunicação
Veja na íntegra a orientação passada no whatsaap.
Você está sabendo que:
A partir de amanhã, em todo o mundo, existem novas regras de comunicação, todos os governos da Europa, América do Norte e América do Sul chegaram a um acordo com a Whatsapp, Twiter, Facebook e outros canais de comunicação Todas as chamadas serão gravadas. Todos os registros de chamadas telefônicas são gravados.Todas as mensagens e chamadas WhatsApp são gravadas. O Twitter é monitorado. NO BRASIL O STF AUTORIZOU O MONITORAMENTO.
O Facebook é monitorado. Todas as mídias e fóruns sociais são monitorados. Por favor, informe aqueles que não sabem. Todos os dispositivos estão conectados aos sistemas departamentais do Governo Federal e dos governos do mundo. TAL AÇÃO É PARA MONITORAR O CRIME ORGANIZADO, E TERRORISMO. Tenha cuidado para não enviar mensagens ou informações desnecessárias que sejam contrárias aos governos, leis e moralidade. Evite dizer informações sensíveis ou sensíveis aos seus amigos e familiares. Diga aos seus filhos e tenha muito cuidado!
É muito importante transmitir esta mensagem hoje. Porque a partir de amanhã já existe uma outra forma de vigilância em todos os países do mundo. Incrível mas certo. Envie-o apenas hoje a todos os seus entes
queridos e amigos. Tudo o que você escreve ou fala pode ser usado contra você e não uma piada é uma realidade!!! Repassem urgente!
O STF não determinou o tal monitoramento amplo, geral e irrestrito de mensagens e chamadas – e nem poderia determinar. O Artigo 5º da Constituição Federal, em seu inciso XII, deixa claro que “é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas”. A única previsão constitucional para monitoramento recai sobre ligações telefônicas e, ainda assim, mediante decisão judicial “para fins de investigação criminal ou instrução processual penal”.
Mesmo nos casos em que há apurações criminais em curso, decisões recentes da Justiça reforçam a impossibilidade de se obter mensagens trocadas nos aplicativos de mensagens. Entre dezembro de 2015 e julho de 2016, para ficar nos casos mais notórios, o WhatsApp foi bloqueado no Brasil em três ocasiões por decisões de juízes de primeira instância. As suspensões foram determinadas pelo não cumprimento de ordens judiciais de quebra de sigilo de mensagens trocadas entre criminosos investigados. Após recursos, no entanto, as decisões que ordenaram os bloqueios foram derrubadas em instâncias superiores. O WhatsApp, que é controlado pelo Facebook, alegou nestes casos que não arquiva e não copia as mensagens trocadas entre usuários.
A propósito, em uma audiência pública no próprio STF para discutir o Marco Civil da Internet e bloqueios judiciais ao WhatsApp, ao menos dois especialistas no assunto defenderam que não é possível o monitoramento de mensagens.
Nelson Posse Lago, professor do Centro de Competência em Software Livre do Instituto de Matemática e Estatística da USP, ressaltou que o Artigo 5º da Constituição só prevê alcance de ordens judiciais de monitoramento em casos de comunicações telefônicas (leia aqui). Já Alexandre Melo Braga, representante do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD), de Campinas (SP), afirmou que, tecnicamente, “não é factível” interceptar as mensagens trocadas pelos aplicativos (leia aqui).
Além disso, este boato não é sequer uma produção original brasileira. O texto espalhado por aqui é a tradução de uma notícia falsa que circulou em países como Índia e África do Sul (veja abaixo). No caso indiano, a mensagem atribuía a decisão ao Ministério do Interior (“Ministry of Interior Regulation”), que simplesmente não existe na estrutura do governo. No caso sul-africano, a Comissão de Direitos Humanos do país se encarregou de publicar um desmentido.
Agora você também pode colaborar com o Visite Campina no combate às notícias mentirosas da internet. Recebeu alguma informação que suspeita – ou tem certeza – ser falsa? Envie para o blog via WhatsApp, no número (83) 9 99064782.
Fonte: da Redação com veja.abril.com.br e www.sahrc.org.za